OS BEM AVENTURADOS
Os
humanos, os bichos, as cobras, põem outros humanos bichos e cobras
para rastejarem por aí. Quem faz isso é a gente – às vezes no
mato, às vezes em hospitais. Joga a criatura no mundo com a cabeça
rodando a todo vapor. Hora por outra tentamos parar esta roda de
ferro rodopiando dentro de nós mesmos, dos filhos e dos bichos – a
golpes de martelo ou com uma meia cheia de moedas girando igual.
Perdidos Iguais. A porrada é a mesma para todo mundo. A faísca é a
mesma. O barulho é o mesmo. A
sorte de alguns santos e poetas foi morrerem novos. Senão errariam
mais do que lhes é permitido e seriam coroados por inúmeras
vergonhas. Todas eternizadas pelo desdém e compartilhadas no enjoo
do porre na manhã seguinte. Quando uma criança nasce a condenamos à
morte para sempre. Bem aventurados as cobras e os mosquitos. Uns voam
e outros rastejam, sem pensar nestas merdas.
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