A PAZ DAS BESTAS
Falácia.
Os opostos se atraem
Não.
Eu só atraio lixo
Porque sou lixo.
Até no jeito que eu me visto.
Durmo, mastigo...
E mesmo assim;
Alguém me aparece
Coberto de ossos
Sacos plásticos
Cheirando a álcool barato
E um desesperado sorrisinho coxo
“Será paralisia facial? Se Deus é tudo então ele não é nada.
É um irmão igual, em carne, real, que se apresenta, apenas desdentado”.
Os mais vaidosos
Com maquiagens
Escondem o defunto que ainda anda.
Quanto mais envelheço
Mais vontade de me matar eu tenho
Faço ou não faço? – pondero calmo.
E não adianta.
A calva reluzente da esperança
Feito uma sereia
Arrota mais uma vez o seu encanto.
Me convence ou engana, sei lá...
Enquanto continuo colhendo os benefícios
De um retardado que acompanha a cusparada
Do alto de seu próprio precipício.
Chega o dia;
Ah, vá te foder – me olho escovando os dentes.
Na frente deste espelho horrendo
Com esta carinha de neném velho
Fazendo pirraça!
Denunciando no que vê
A mesma desgraça.
Chega a noite;
Nada levanta este orgulho de quem tá danado
Nu, aperto a piroca murcha.
Aquela que ninguém traça.
Nem tudo está perdido!
Cortando o céu noturno será que alguém escuta?
Umas duas, três notas, desafinadas de trombetas
Onde interrompendo suas punhetas
Lá em cima, lá em cima!
Anjos também confusos
Se arrepiam emocionados.
Vendo duas bestas roncando
Que mesmo na mesma cama,
Dormem em paz...
Cada uma para um lado.
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