O FANTASMA DO MONGOLOIDE
Uma hipótese que me perturbou muito sobre a teoria — ou possibilidade — da vida após a morte, da vida espiritual, foi quando pensei (não sobre reis, rainhas, oficiais nazistas, faraós egípcios, nem nada disso), mas sobre as encarnações comuns. Pensei no espírito do mongoloide. O mongoloide morre. E agora? Um fantasma fica solto e perdido, aos gritos, numa outra dimensão. Desesperado no escuro, mesmo estando claro, ainda que vendo anjos da guarda e mentores-babás.
Mas retomei a tranquilidade, botando a cabeça no lugar, quando finalmente entendi o seguinte: o mongoloide não é o espírito. O mongoloide, assim como o rei egípcio, o cowboy ou o soldado nazista, são apenas personalidades nas quais o espírito — ou a consciência — se acopla para viver sua existência terrena.
O espírito poderá tornar-se mongoloide apenas se acreditar, ou se iludir, que a identidade que o veste neste instante temporal é imutável, e que a personalidade na qual atua é real.
Chegamos assim à conclusão de que o que morre é um personagem, um mongoloide, que pode acompanhar o “ator” ou não para a dimensão do invisível.
Nós não existimos.
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