ABRAÃO EU
Só macarrão, pai? - o menino pergunta..
Só, não. Chocolatinho.
Putz... Arruma dinheiro, aí!
Eu que não vou pedir dinheiro pra Deus.
Se eu me matar você não vai ligar. Quem sou para tirar essa vontade, este filme, este automático, programáticos, desta matriz do teatro dos bundões, desse espírito que veste o teu corpo e que a cada passo se afasta mais do Céu? Músicas das bonecas também ensinam. Libertas que será também. Porco, porra! – quebra o silêncio. Peidei... licença... foi a cadeira... se arrastando. O que é a música das bonecas? Fala direito, pô – ele me diz. Não sabe nem comer direito. És o palhaço do faraó. Quando ele me falou isso, fechei a boca, e comi direito. O meu filho amoroso de dezenove anos, lavando pratos, puro amor dos homens, eu fumando um cigarro com aquela fumaça preta. Pesado e ao mesmo tempo levitando. Pensava que quando uma mulher me beija parece que estão enfiando um bolo de carne dentro de mim. Na verdade vos digo; tenho nojo. Então? Que vai? O corpo ou o espírito? Mas quando ele me perguntou se eu não me importava. Eu Pai de Santo, bicha, velho, irradiado dos pulmões paradisíacos de fumaça rosa, pink, bela, com cheiro de embalagem de brinquedo antigo – digo. Sem amor frieza ou carinho. Tudo, meu filho, quem decide é Deus, o nosso enfoque – you! Tarado pela morte, igual os bichos da TV aberta. Cacique de Ramos. Foi aí então que ele com os olhos vermelhos, tirou a faca das mãos do anjo, segurando um prato de queijo, e disse: Foda-se tu, velho. Entra no Mercedes, e se benze,
voltando rapidinho pra casa.
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