O JOGO

 





Gautama Buda, ou Sidarta, descobriu a morte em vida ao transitar como alguém que já está morto. E isso não tem nada a ver sobre o que pensamos ser a tal iluminação. O enlightenment. Buda alcançou o nirvana reproduzindo a morte enquanto vivo. Existindo em um estado zumbificado, fantasmagórico, depressivo e ao mesmo tempo produtivo. Livre de ansiedades e pavores. Sem o estresse mental, físico, moral, por estar “desligado das coisas” – pelo menos cognitivamente. Sem medo ou esperança. Indiferente.  Aniquilado. Qual seria a preocupação de um fantasma que por ser fantasma já garantiu sua existência por toda a eternidade? Ele, este fantasma, sem alma, espírito ou consciência própria,  na maior parte do tempo existirá  pensando como se pensava antes só que agora sem a ilusão de estar vivo; e com os seus desejos rasurados não terá mais o medo de não existir (esta angústia popular) assolando o seu presente. Ligou o foda-se. A palavra nirvana significa o aniquilar da chama. Porém, o pulo do gato, é que a chama ainda está lá, queimando, só que invisível, fria, como em um videogame. E aquele que sacou este movimento não liga mais pra quem está jogando ou como este jogo vai terminar. Pra falar a verdade não está nem aí para o jogo, para a vida. Uma vida na qual já não vive mais e por isso a experiencia da maneira que vier; em silêncio como supostamente Sidarta escolheu ou aos gritos, tal qual Arjuna, guiado por Krishna no campo de batalha do Bhagavad Gita.

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Sendo assim, decifrando o nirvana podemos chegar a conclusão de que o importante é cruzar por aí, curtindo a viagem em um jatinho de luxo ou em um trem fantasma,  apenas se preparando para quando a morte chegar finalmente desaparecer por completo.







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