ARANHA OU POLVO?
Resolvi
fazer uma coisa diferente. Dar um mergulho na piscina do clube. Quase
não vejo água. O frio repele. Só uso o higiene na descendência do papel. Tiro a camisa. O cheiro do cloro entra pelo vestiário.
Um monte de gordo pelado. Um árabe. Um velho de olhos vermelhos.
Parecia aquele filme que a paranormal leva um banho de sangue. Um
filme do Stephen King – não me recordo. Uma americanada de merda
daquelas. Fui para a piscina. Nem passei no chuveiro. Vou cair podre.
Foda-se. Corro com cuidado para não escorregar. Dando aquela
pressão levantando o calcanhar. Tatuagem no cu? Eu não. Vou tipo o
homem raio; só que de sunga. Pulo na borda. Tarzan. E PAW! A
porrada. Primeiro pensei que acertei o fundo da piscina. Doeu até o
ouvido. Quando me recupero e saio do mergulho. Escuto o grito
gutural. Eu e um mongoloide nos colidimos. Notei uns pingos na aguá.
Pingos quase abafados pelos berros intercalados do velho em corpo de
criança. A minha testa abriu. O sangue pingava, igual peixe nadando
em um aquário bem pequeno. O Mongoloide inconsolável. Cuspia uns dentes. Putaquepariu. Moro aqui mas não moro aqui. Quando o socorro
chega. Uma salva-vidas escandinava. Boazuda. Pergunta: “Você está
bem?” Estou, só cortei a danada da cabeça. E o senhor ali? –
Apontei para o mongoloide. Preocupado. “Você vai ter que pagar uma
multa!” – ela me disse. “Por nadar na piscina das crianças...”
Crianças? Segurando a testa olho pro mongoloide, agora calmo, meio
choroso mas contente, igual quem tem dívidas, chupando um gelo e
brincando com uma aranha de plástico. Ou polvo? Saí da
piscina. Já que vou ter que pagar a porra da multa mesmo resolvi
entrar na sauna. Me deu um cansaço. Ô eucalipto. Que gostoso. Ô vapor. Enquanto relaxo a minha testa vai se abrindo e começa a pingar, os
pingos viram jorros, me cubro de sangue, e a única coisa que eu
penso enquanto ligo o foda-se é se eu vou ter grana para pagar a
multa e como se chama aquele filme do Stephen King onde a menina
explode a turma...
Será que segurava...
aranha ou polvo?
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