ARISTORÉPTEIS

 




Os répteis de Aristóteles. Münchhausen by proxy – o que é isso? O que eles falariam da preguiça? Vai lá e faz? Na potência do devir. A preguiça é a minha deusa. Como fosse uma droga que me anestesia e relaxa. No futuro de quem me passa. Eu não gosto de fazer nada. Eu não gosto, eu não gosto e reclamo, mas no fundo não quero sair nem ficar fazendo alguma coisa. Nem por cima nem cá em baixo. Porque eu gosto da inércia, relaxar, não pensar em nada, babar na frente do PC. Mijo de mendigo. É igual ao meu e ao dos reis. “Mas e a descarga?” Me pergunta o aristoréptil – o José, se a faixa fosse preta, seria Zezinho. “E a descarga do rei? E o sofá do rei? Não é igual ao seu banheiro nem a calçada suja do mendigo. Você tem que fazer alguma coisa, cara.” Eu não quero. E não quero nem pensar nisso. Comer tabaco e passar mal. Virar bebê. Só que esperto. E já que eu não nasci para ser rei, já que eu não posso ser rei, prefiro ficar entre o comum e o mendigo. O aristoréptil se levantou puto comigo. Me olhou de cabo a rabo e balançando me mostrou na bola do tempo o meu futuro. Viajamos para frente. Eu velho, nem rei de mendigo. Fodido de grana com um óculos remendado na cola e fita isolante. No meio da invasão alienígena dos mundos. Nave espacial e implante de cabeça. Besta Fera deliciada no fogo. Num a apertamento pequenininho. Calmo e conformado, porque ao invés de perdido nas últimas modas me preocupava apenas se já havia cagado no dia. E com as pilhas do radinho.



    • Piroca! – eu gritei!

    • Viu! – punha as suas garras em mim, o aristoréptil – Você não deu em nada!



Fingi preocupado. Para ser como os passarinhos. Pulando dentro da gaiola [quem fez mesmo o labirinto do rei Minos?] Arquiteto ou pedreiro? Ou o ou ou – o passarinho cantava. Cada um que seja hábil nas dedadas que constroem suas muralhas. Me vendo assim talvez ele fosse embora. E foi.

Eu, e eu? Ora bolas, eu voltei para as minhas negas. Que como o ar que eu respiro. Não existem direito. Chupa Zé! YIN/YANG é o que quebra a China!

Pensei, mas não disse. Aumentar as coisas para quê?

Se estou. Cansado e satisfeito.


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